Vanilce Fiel

domingo, 8 de janeiro de 2012

Minha primeira escola - aqui desenvolvi a leitura e escrita. Quantas lembranças boas!
Os sonhos criam asas e te levam para onde você menos imagina!

Resumo esquemático do capítulo I da obra: Hermenêutica e Educação de Nadja Herman.

por: Profª Vanilce Fiel


No capitulo I - Superando distâncias de significado da hermenêutica - a autora inicia tratando da hermenêutica como uma forma de racionalidade.

A autora faz uma breve introdução ao significado de hermenêutica apontando o contexto filosófico que a produziu desde a mitologia grega aos nossos dias.

Herman apresenta a hermenêutica como uma forma de racionalidade que ao “produzir saber, ao dizer como as coisas são o homem produz a racionalidade, evidenciando uma estreita relação entre os dois termos – saber e racionalidade” (2002, p.13).

Em seguida a autora cita Nietzsche (1844 – 1900), como sendo um dos pensadores que contribuiu para instalar o radicalismo da dúvida, ao questionar as certezas da autoconsciência que fundamenta o pensamento metódico. Para Nietzsche existia uma realidade, uma substância independente de nosso pensar, que ele chama de “ilusão delirante”, um pensamento guiado pela causalidade para afirmar a relativização da verdade. A contribuição de Nietzsche consiste na ideia de ir além dos fenômenos, possibilitando as mais diversas interpretações.

Partindo desta questão, a autora aponta “que não é pretensão da hermenêutica questionar o estatuto de cientificidade da própria ciência, mas se voltar para o processo de instauração de sentido, que surge do nosso relacionamento com o mundo” (2002, p.14).

Em seguida ela pontua que “é tarefa da hermenêutica desconstruir uma racionalidade que, colocada sob limites estreitos, quer mais a certeza que a verdade, e demonstrar a impossibilidade de reduzir a experiência da verdade a uma aplicação metódica, porque a verdade encontra-se imersa na dinâmica do tempo.” (2002, p.15)

A autora segue com a tarefa de dizer o significado da hermenêutica apontando sua oposição ao “mito do objetivismo”, isto é, à crença em uma verdade objetiva, que corresponda a uma realidade também objetiva, trazendo a perspectiva do interpretar, da produção de sentido e da impossibilidade de separar o sujeito do mundo objetivado. (2002, p. 16)

O ressurgimento da hermenêutica ocorre quando as condições histórico-culturais criam a bipolaridade sujeito-objeto. Segundo a autora, o sujeito passa a uma condição nova, uma vez que o homem estava até então no mundo, mas somente a partir dessas novas condições históricas confere intencionalidade à sua ação e ao seu conhecimento. (2002, p. 17)

Ao tratar da referência mitológica à interpretação, Herman insere a acepção “traduzir” da hermenêutica, aqui a autora traz à tona a forma especial de tornar compreensível o mundo a partir da hermenêutica, envolvendo a linguagem nesse processo de tornar explícito o implícito, de tornar mensagens compreensíveis. “Ao inserir-se no mundo da linguagem, a hermenêutica renuncia a pretensão de verdade absoluta e reconhece que pertencemos às coisas ditas, aos discursos, abrindo uma infinidade de interpretações possíveis”. (2002 p.24)

A partir desse mapeamento, a autora aponta a produtividade desse modo filosófico de pensar o mundo, dizendo que a hermenêutica pode oferecer uma contribuição valiosa às ciências humanas e para a educação, sobretudo na medida em que permite um auto-esclarecimento de suas bases teóricas e de suas contradições, e uma revisão dos limites das regras metodológicas impostas de forma única e definitiva como a parecem na pedagogia tradicional-cientificista. Hermann salienta que, “abrir novas possibilidades de reflexão é basicamente o desafio de uma abordagem hermenêutica”. (HERMAN 2002, p.29)